Quando eu paro para pensar desde quando tive a curiosidade pelo fazer artístico realmente perco as contas, sempre saí rabiscando pelas paredes, costurando roupas de bonecas ou recortando e colando as coisas. Lembro de um 'kit paper' que todos os anos tínhamos que comprar que era como uma amostra de vários tipos e cores de papel e desenvolvíamos de tudo com aquele material e eu, no final do ano, guardava e fazia cartões para toda a família.
Quando tem-se a organização do pensamento, o sonhao com objetos inusitados e o rabisco mental, no ar, de alguma coisa pode-se dizer que a 'fada do design' começa a atuar em nossa vida.
Ler o rótulo do shampoo, passar horas no mercado observando as embalagens, dobrando e desdobrando os panfletos ou sentindo as diferentes texturas dos materiais também são etapas que de certa forma contribuem com o despertar pelo prazer da profissão, pela criatividade desde pequena.
Mas quais seriam as fases que um designer passa na vida? Você já parou para pensar nisso?
Estágio 1: Design como decoração
Este talvez seja um estágio muito cru e com certeza o mais empolgante de todos, é onde nos sentimos diferentes e promissores. Muitos designers iniciam aqui, principalmente os autodidatas. É a fase onde você começa a tratar todas as fotos que tira, ou brinca com manipulações. Testa tutorias que encontra na internet. Onde você personaliza suas coisas como calças, cadernos, agendas e etc, e um certo dia você para e pensa: “As pessoas podiam me pagar pra fazer isso para elas!”.
Características
Não estamos dizendo que quem está nesta fase não vale nada, mas é preciso assumir todo o seu potencial. A gama de conhecimento e o repertório ainda são muito baixos e fazer design para você é simplesmente um ornamento, uma decoração. Quando se depara com algo que não acha legal, você logo pensa em tornar aquilo mais aceitável, mais bonito. É tudo sempre sobre o seu gosto pessoal, não levando muito em conta o gosto dos outros. Teorias de design ou princípios não te preocupam e as coisas são feitas mais intuitivamente. Normalmente neste estágio o objetivo é sempre ser o mais criativo possível, mas dentre todas as idéias que rondam sua mente, você sempre escolhe aquela que te agrada mais, o que nem sempre é funcional.
Estágio 2: Design como descoberta
A grande maioria de nós é atraído a projetar coisas e usar o Photoshop como principal ferramenta, é o estágio onde procuramos aprender a como chegar nos resultados idealizados, onde nos ensinamos a usar ferramentas a nosso favor e não como estágio de um tutorial. Muitos designer também iniciam aqui, principalmente se começam com alguma formação educacional voltada para o design. Aqui você já fez trabalhos para alguns clientes, já tem alguns trabalhos bacanas para montar um pequeno portifólio e já interage com alguns designers experientes, aprendendo com eles. Este é o estágio que costumamos dizer que é onde a “ficha cai”, que fazer design é muito mais do que tornar as coisas bonitinhas, mas ainda não sabe exatamente o que é e onde quer chegar.
Características
Agora, ao invés de fazer aquele convite do aniversário do seu amigo parecer incrível pra você, você também procura fazê-lo incrível para todos que forem vê-lo. Começa a perceber que se outros começam a gostar, mais trabalho pode surgir. É um grande passo para uma carreira de designer, mas não é tudo, começar a ir além nas ideias é uma das características que se espera de um profissional da área. Este é o estágio onde conhecemos e nos interessamos por diversas vertentes do design, você começa a perceber as influências e artistas. Na busca por entender melhor o design e como realizá-lo, você passa a aprender novos programas, novas formas de fazer trabalhos que você já experimentou.
Estágio 3: Design como comunicação
Agora sim você já sabe o que é design e é muito, mas muito raro alguém começar a carreira por aqui. Designers que amadureceram seu conhecimento e seu nicho através de pesquisas e experimentações, se encontram neste estágio. O designer maduro é habilitado a projetar com criatividade tão bem, não importando os programas e princípios do conhecimento. Aqui você percebe que design é comunicação efetiva e sabe muito bem atingir um público específico e comunicar com ele.
Características
É comum transpor barreiras e encarar programas como simples ferramentas de trabalho, você não se limita apenas ao que um programa te possibilita. Você não trabalha mais para o Photoshop ou Illustrator, trabalha pra seres humanos, e estes programas as vezes nem são usados na realização do projeto. Você começa a questionar questões como: “Quem colocou estes teclados do celular nesta posição ao invés de outra?”, começa a ver o porque das coisas. Você conhece uma grande gama de princípios e teorias como design hierárquico, proporção áurea e cores que influenciam o comportamento humano. O design ganha o âmbito de experiência entre produto e consumidor, ganha o sentido de interface, de funcionalidade, e efetividade porque agora você entende que se o seu design é “uma merda”, seu projeto é totalmente inútil.
Não importa em que estágio você esteja, devemos todos trabalhar juntos para promover o design como ele deve ser visto, provendo conhecimento, divulgando trabalhos e dividindo informações. Os pensadores da década passada acreditavam na “Era da informação”, que quem tivesse a informação teria tudo, mas esta era não vale de nada, pois de nada adianta se tiver a informação e não souber utilizá-la da forma correta ou criativa. Ganhar maturidade como designer não dói, não envelhece, se trata de ganho de experiência e amplitude de repertório. É preciso saber dar um caminho a quem quiser melhorar dentro da área ou mesmo ingressar nela, assim o design ganha profissionalização, críticas construtivas sempre devem ser bem vindas. Nós todos temos que ter este compromisso sempre.
Via: Webdesigner Depot